A luta nas empresas<br>e locais de trabalho

Maria Etelvina Ribeiro (Membro do Comité Central)

A luta da classe ope­rária e dos tra­ba­lha­dores foi e é o motor da luta de massas. A luta con­firmou-se e con­firma-se como factor de­ci­sivo para rup­tura com a po­lí­tica de di­reita, para a cons­trução da al­ter­na­tiva po­lí­tica pa­trió­tica e de es­querda, para a cons­trução em Por­tugal de uma so­ci­e­dade li­berta da ex­plo­ração ca­pi­ta­lista. Para a cons­trução do So­ci­a­lismo e do Co­mu­nismo.

A classe ope­rária foi o alvo prin­cipal da brutal ofen­siva contra os di­reitos so­ciais e la­bo­rais, le­vada a cabo pelo go­verno PSD/​CDS-PP ao ser­viço do grande ca­pital e do grande pa­tro­nato in­ten­si­fi­cando assim a ex­plo­ração.

Esta ofen­siva, acom­pa­nhada de um in­tenso ataque ide­o­ló­gico, teve sig­ni­fi­ca­tiva ex­pressão no roubo de quatro fe­ri­ados, do nú­mero de três dias de fé­rias, o corte do valor de pa­ga­mento das horas ex­tra­or­di­ná­rias, o con­ge­la­mento e corte de sa­lá­rios, a des­re­gu­lação dos ho­rá­rios de tra­balho, ao mesmo tempo que au­men­tavam os be­ne­fí­cios fis­cais às grandes em­presas. Estes ata­ques foram também acom­pa­nhados pelo blo­queio à con­tra­tação co­lec­tiva, pela pro­moção do au­mento do de­sem­prego e da pre­ca­ri­e­dade. No centro da acção do go­verno PSD/​CDS-PP e do pa­tro­nato para al­terar a cor­re­lação de forças entre tra­balho e o ca­pital es­teve o ataque ao mo­vi­mento sin­dical uni­tário, vi­sando li­mitar a res­posta da classe ope­rária e dos tra­ba­lha­dores.

Na de­ter­mi­nada e co­ra­josa res­posta dos tra­ba­lha­dores em di­versos sec­tores de ac­ti­vi­dade, pú­blico e pri­vado, os sin­di­catos da CGTP-IN as­su­miram um papel cen­tral e de­ter­mi­nante. Uma luta tra­vada nas em­presas e lo­cais de tra­balho que as­sumiu di­versas formas (ple­ná­rios, abaixo-as­si­nados, greves, pa­ra­li­sa­ções, ma­ni­fes­ta­ções, con­cen­tra­ções, mar­chas, dis­tri­buição de do­cu­mentos) e im­por­tantes mo­mentos de con­ver­gência, nas co­me­mo­ra­ções do 25 de Abril e em par­ti­cular as grandes ma­ni­fes­ta­ções re­a­li­zadas nos dis­tritos no 1.º de Maio, mas também as muitas ac­ções con­vo­cadas pela CGTP-IN contra a po­lí­tica que nos im­põem. De re­ferir a re­sis­tência e or­ga­ni­zação de tra­ba­lha­dores em si­tu­ação de grande pre­ca­ri­e­dade la­boral: estes não dei­xaram de tomar nas suas mãos a luta pelos di­reitos, como foram os casos dos tra­ba­lha­dores do sector em­pre­sa­rial do Es­tado, da Ad­mi­nis­tração pú­blica, do sector do vidro, me­ta­lúr­gico, quí­mico, ali­men­tação, da ho­te­laria, da energia, das te­le­co­mu­ni­ca­ções, do sector naval, dos trans­portes, dos ae­ro­portos, da lo­gís­tica, entre muitos ou­tros.

No ac­tual quadro po­lí­tico é pre­ciso e im­por­tante a luta rei­vin­di­ca­tiva, para dar força a todos os pro­cessos ne­go­ciais, ob­jec­tivo de im­por­tância cen­tral para ga­rantir o em­prego e as­se­gurar o au­mento dos sa­lá­rios, a va­lo­ri­zação pro­fis­si­onal, a es­ta­bi­li­dade no em­prego, a de­fesa e con­quista de di­reitos pelas 35h, a me­lhoria das con­di­ções de vida. É ne­ces­sário agir com fir­meza exi­gindo a pas­sagem dos tra­ba­lha­dores com vín­culo pre­cário a posto de tra­balho efec­tivo.




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